sexta-feira, 16 de julho de 2010

Perfeição


Gente perfeita: Deus não precisa delas. Aliás, nunca precisou, porque elas simplesmente não existem! Quem se acha mais perfeito, mais santo, mais sublime, ainda não descobriu o princípio da sabedoria, que é o temor do Senhor. Quem tem uma visão correta de Deus, também tem uma visão correta de si mesmo. Não há méritos nossos, que tornem Deus nosso devedor. Só há deméritos, e, se o Senhor nos deu algo, foi por Sua imensa graça, compaixão e misericórdia.


Então, o que estamos esperando? Uma suposta perfeição que teremos, quando acontecer isto ou aquilo? Muitos de nós lançam para o futuro a realização de todos os sonhos e a concretização de todos os ideais. Meus amigos, creiam-me: o futuro nunca chegará desse jeito! Porque, quando futuro chegar, já não haverá sentido algum, alegria alguma, razão alguma. Lembro-me de meu avô paterno. Ele guardou em seu baú de madeira, daqueles pesadões e antigos, maços e maços de dinheiro. Dinheiro que nem havia circulado, novinho em folha. Mas era dinheiro de moeda ultrapassada, réis, cruzeiros antigos. Resultado: deixou uma fortuna de nenhum valor! De que vale isso?

“Quem sou eu para pregar o Evangelho, diante de tantos príncipes do púlpito e campeões da oratória?” Houve um tempo que eu pensava assim. Que sou deficiente, imperfeito, muito menos talentoso que a maioria dos pregadores. Conheço as minhas limitações. Mas decidi não levar isso em consideração, e fazer a minha parte, e que Deus me ajudasse, completando aquilo que as minhas limitações não alcançavam. Por isso preguei. E, enquanto ia, Deus foi colocando em meu caminho oportunidades, pessoas, viagens, lugares, conferências, campanhas, visitas, correspondentes, etc. Tudo quanto nos vier à mão para fazer, devemos fazê-lo com todas as nossas forças. Tento fazer isso.

Lembro-me da minha vizinha , a Dna. Mafalda. Ao lado da janela da sala de minha casa há um jardim abandonado. Outrora havia muita coisa mas não tiveram mais tempo de cuidar dele. Quando a Dna. Mafalda chegou, ela simplesmente arou a terra, semeou, transplantou, tirou o mato, regou, cuidou e fez o seu trabalho. Amigos, que colheita! Alface, rúcula, tomate, almeirão, catalonha, couve, cebolinha, orégano, pimenta, capim santo, manjericão, manjerona, etc. Ela não questionou sua imperfeição. Ela simplesmente usou o que tinha. E fez. Li, na internet, que o TITANIC fora construído por experts, e afundou; enquanto que a ARCA fora construída pelo amador Noé, e salvou a humanidade… Eu posso entender muito mais de verduras teoricamente, mas a Dna. Mafalda faz mil vezes mais que eu. E aí? Estamos esperando o que? Peguemos o arado e aremos a terra!
 
“Tenho que me preparar melhor para evangelizar”. Ah, se todo esse suposto preparo que buscamos visasse alguma coisa! Na maioria das vezes isso não passa de uma desculpa para nos manter de boca fechada e descomprometidos com o testemunho àqueles que não são crentes. Os maiores ganhadores de almas são gente simples, às vezes até analfabetas, mas que vão e usam tudo o que têm. Eles vão e fazem. E nós? Curso para abrir a boca? Curso para dizer: “Há um plano de salvação para você”? ”Curso para amar ao pecador?” Já estamos treinados demais, agora é a hora de colocar o time em campo!


Se eu posso, todos podemos. Deus não escolheu as coisas ricas do mundo, mas as loucas, para confundir as sábias. Assim, não nos preocupemos se temos imperfeições; enquanto estamos indo, vamos melhorando. Precisamos agir!

Não esperemos sermos filhos perfeitos, para amar nossos pais e mães. Não esperemos ganhar muito dinheiro, ter uma casa ampla, poder comprar um pomposo presente, levá-los para uma viagem inesquecível, etc. Bastará amá-los, e saberemos fazer o que realmente tem valor: estar com eles, dar e receber afeto e carinho, ouvi-los, conversar com eles, dar-lhes atenção. Outra fábula da internet nos conta de uma criança, que fora à venda comprar um presente para a mãe. Mas o dinheiro era tão pouco, que só dava para comprar uma lembrancinha muito simples. Então o vendeiro disse “quando eu era pequeno, também era pobre e não podia comprar um presente para a minha mãe”, ao que a criança respondeu: “mas nem uma lembrancinha barata como essa?” Pois é. Por não termos muito, não damos nada, e, na verdade, o pouco que temos é tudo o de que necessitamos!

Não planejemos tanta coisa implausível. O começo de um ano é cheio de planos. Propósitos surrealistas, imaginários, impossíveis de serem alcançados. ”Vou ser presidente da América; vou emagrecer 190 quilos; vou falar 60 idiomas”. Na primeira esquina de janeiro já obteremos as frustrações suficientes para lançamos tudo na gaveta. ”O pão nosso de cada dia” é um bom começo: planejar com o que temos. Se não temos um aviãozinho de controle remoto, vamos fazer um de papel, e brincar também. Se não temos um carro “top de linha”, vamos curtir o nosso fuscão preto mesmo [o pretinho básico]. Tem muito fuscão seguindo pela estrada, enquanto os tops de linha aguardam as seguradoras chegarem, para rebocá-los…

O que nos faz seguir não é o que temos, mas o que somos. Se somos motivados, chegaremos e festejaremos. Se somos inseguros, continuaremos a esperar a inalcançável perfeição.

Que tal começar agora?

Agora é a sua vez.

abraços.