terça-feira, 4 de julho de 2017

"Amo todos vocês"


Dois irmãozinhos brincavam em frente de casa, jogavam bolinhas de gude, quando Júlio, o menino mais novo, disse ao irmão Ricardo:
 Meu querido irmão, eu te amo muito e nunca quero me separar de você!
Ricardo, sem dar muita importância ao que Júlio disse, pergunta:
 O que deu em você moleque? Que conversa besta é essa de amar? Quer calar a boca e continuar jogando?
E os dois continuaram jogando a tarde inteira até anoitecer.

-À noite, o senhor Jacó, pai dos garotos, chegou do trabalho, estava exausto e muito mal humorado, pois não havia conseguido fechar um negócio importante. Ao entrar, Jacó olhou para Júlio que sorriu para o pai e disse:
 Olá papai, eu te amo muito e não quero nunca me separar do senhor!
Jacó no auge de seu mal humor e estresse disse:
 Júlio, estou exausto e nervoso, então por favor não me venha com besteiras!
Com as palavras ásperas do pai, Júlio ficou magoado e foi chorar no cantinho do quarto. Dona Joana, mãe dos garotos, sentindo a falta do filho foi procurá-lo pela casa, até que o encontrou no cantinho do quarto com os olhinhos cheios de lágrimas. Dona Joana, espantada, começou a enxugar as lágrimas do filho e perguntou:
 O que foi Júlio, porque choras?
Júlio olhou para a mãe, com uma expressão triste e lhe disse:
 Mamãe, eu te amo muito e não quero nunca me separa da senhora!
Dona Joana sorriu para o filho e lhe disse:
 Meu amado filho, ficaremos sempre juntos!
Júlio sorriu, deu um beijo na mãe e foi se deitar.
No quarto do casal, ambos se preparando para deitar, Dona Joana pergunta a seu marido:
 Jacó, o Júlio está muito estranho hoje, não acha?
Jacó muito estressado com o trabalho respondeu:
 Esse moleque só está querendo chamar a atenção ... Deita e dorme mulher!
Então, todos se recolheram e todos dormiam sossegados. Às 2 horas da manhã, Júlio se levanta vai ao quarto de seu irmão Ricardo e fica observando o irmão dormir ... Ricardo, incomodado com a claridade, acorda e grita com Júlio:
 Seu louco, apaga essa luz e me deixa dormir!
Júlio, em silêncio, obedeceu o irmão, apagou a luz e se dirigiu ao quarto dos pais ... Chegando lá, acendeu a luz e ficou observando seu pai e sua mãe dormirem. O senhor Jacó acordou e perguntou ao filho:
 O que aconteceu Júlio?
Júlio, em silêncio, só balançou a cabeça em sinal negativo, respondendo ao pai que nada havia ocorrido. Então, o senhor Jacó irritado perguntou a Júlio:
 Então, o que foi moleque? Júlio continuou em silêncio.
Jacó já muito irritado berrou com Júlio:
 Então vai dormir seu doente!
Júlio, então, apagou a luz do quarto se dirigiu ao seu quarto e se deitou.
Na manhã seguinte, todos se levantaram cedo, o senhor Jacó iria trabalhar, a dona Joana levaria as crianças para a escola e Ricardo e Júlio iriam a escola ... Mas Júlio não se levantou. Então, o senhor Jacó que já estava muito irritado com Júlio, entra bufando no quarto do garoto e grita:
 Levanta seu moleque vagabundo!

Júlio nem se mexeu. Então, Jacó avança sobre o garoto e puxa com força o cobertor do menino com o braço direito levantado pronto para lhe dar um tapa, quando percebe que Júlio estava com os olhos fechados e que estava pálido. Jacó, assustado, colocou a mão sobre o rosto de Júlio e pode notar que seu filho estava gelado. Desesperado, Jacó gritou chamando a esposa e o filho Ricardo para ver o que havia acontecido com Júlio... Infelizmente, o pior. Júlio estava morto e sem qualquer motivo aparente. Dona Joana, desesperada, abraçou o filho morto e não conseguia nem respirar de tanto chorar. Ricardo, desconsolado, segurou firme a mão do irmão e só tinha forças para chorar também. Jacó, em desespero, soluçando e com os olhos cheios de lágrimas, percebeu que havia um papelzinho dobrado nas pequenas mãos de Júlio. Jacó então pegou o pequeno pedaço de papel e havia algo escrito com a letra de Júlio. "Outra noite Deus veio falar comigo através de um sonho, disse a mim que apesar de amar minha família e dela me amar, teríamos que nos separar. Eu não queria isso, mas Deus me explicou que seria necessário. Não sei o que vai acontecer mas estou com muito medo. Gostaria que ficasse claro apenas uma coisa: Ricardo, não se envergonhe de amar seu irmão; Mamãe, a senhora é a melhor mãe do mundo; Papai, o senhor de tanto trabalhar se esqueceu de viver. Eu amo todos vocês!"